“ESSENCIAL” É A VIDA! REPUDIAMOS OS RECENTES ATAQUES A PROFISSIONAIS DE EDUCAÇÃO DE NOVA FRIBURGO! - RETORNO PRESENCIAL SEGURO, SÓ COM VACINAÇÃO AMPLA, GERAL E GRATUITA!

 SEPE e SINPRO DE NOVA FRIBURGO

Nota Política – 12/01/2021

 

Cumprindo com o dever de representar, respectivamente, profissionais de educação do âmbito público e também professores/professoras da rede particular, SEPE e SINPRO vêm a público mais uma vez reafirmar seu posicionamento no que se refere a um possível retorno presencial e também REPUDIAR os recentes ataques covardes que educadores e educadoras têm sofrido nas redes sociais.

 

Primeiramente, como divulgamos em diversas oportunidades nos últimos meses, sempre respeitando as divergências e buscando construir diálogo, SEPE e SINPRO defendem que um retorno seguro e responsável às aulas presenciais só pode ser levado adiante quando o novo coronavírus já não trouxer NENHUMA ameaça à sociedade, tanto no que se refere às comunidades escolares quanto no âmbito geral da saúde pública em nosso município. Para tanto, desde o início, defendemos como medida preventiva o isolamento social radical acompanhado de medidas econômicas e sociais que o viabilizassem junto a um esforço nacional de combate ao novo coronavírus, mas, infelizmente, as principais esferas de poder do país acabaram por renegar o problema e, combinando incompetência com uma opção deliberada, contribuíram decisivamente para o aumento e para a longa duração da pandemia. Nesse cenário caótico, que traz a janeiro de 2021 um preocupante novo aumento de casos graves, os sindicatos em questão orgulham-se de ter contribuído para amenizar a trágica enfermidade que já acometeu 7.633 friburguenses, tendo vitimado 240 deles (sem contar as subnotificações). Cabe lembrar aqui, ainda, nossa contribuição junto a outras treze autoridades públicas e entidades da Educação, da Saúde e da Assistência Social na elaboração de um Plano com protocolos de segurança para um retorno responsável  (Decreto Municipal nº814/2020), espaço que foi ocupado mediante a decisiva atuação de SEPE e SINPRO na defesa dos direitos sociais não só de seus representados, mas de todas as comunidades escolares e dos cidadãos em geral.

 

Agora - em meio a uma crescente de casos e mortes, mas aparentemente já próximos da vacinação - parece-nos evidente que o único caminho realmente seguro a TODOS E TODAS, sem exceção, é o de se manter os cuidados sanitários até aqui vigentes, com escolas fechadas enquanto não se resolve em definitivo a ameaça que nos cerca e afeta. TODAS as vidas importam! E justamente por isso, lançamos todos os nossos esforços no sentido de pressionar o governo federal para que este cumpra com sua obrigação, oferecendo vacinação ampla, geral e gratuita para TODOS E TODAS o mais rápido possível. É alarmante que diversos países muito menos abastados e estruturados que o Brasil já estejam avançando nas suas campanhas de imunização enquanto as principais autoridades brasileiras ridicularizam seu próprio povo afirmando às claras que não se importam com a pandemia ou que a vacinação ocorrerá “no dia D e na hora H”. Repudiamos desde já esse deboche genocida!

 

Feita essa importante contextualização, SEPE e SINPRO querem finalmente - por convicção própria mas também a pedido de muitos(as) profissionais de educação - REPUDIAR VEEMENTEMENTE os covardes ataques que sofremos nos últimos dias nas redes sociais. Para insuflar a sociedade friburguense contra educadores e educadoras, mas também para pressionar o poder público em favor de entidades privadas e acima de tudo para estimular uma carreata de cidadãos abastados contra o direito à igualdade, proliferaram postagens de ataques diretos a profissionais de educação onde se insinuava que estão desocupados, aproveitando-se da pandemia. Trata-se de uma mentira tão mal contada que diz muito mais sobre o caráter de quem a divulga do que sobre o assunto em si, mas ainda assim consideramos importante relembrar um pouco do cotidiano dos profissionais de educação durante a pandemia.

 

No ensino público municipal, setores administrativos e servidoras do apoio (cujo vencimento não passa de R$ 848) viram-se obrigadas a trabalhar presencialmente em diversos momentos, fosse para distribuição de alimentos aos que precisavam, fosse para distribuir materiais impressos aos tantos que não têm acesso à internet, o que já deixa evidente também uma parte das atribuições do magistério nesse processo, pois apesar de normalmente não se dirigirem à escola viam-se atarefados com os próprios materiais mencionados e em muitos casos atuavam também em aulas online cuja estrutura, custo  e operação estiveram o tempo todo sob sua responsabilidade, fato que resultou em inúmeros  desgastes financeiros, psicológicos e profissionais, para além dos cuidados gerais com a pandemia. Na rede estadual, o cenário é semelhante, com presença ainda maior de aulas online que obrigaram direções e professoras(es) a cumprir com seu horário de forma praticamente integral em meio ao caos pandêmico.

 

Em escolas particulares encontramos vários dos problemas acima mencionados e ainda outras variáveis que ampliaram seus desafios e dificuldades: a implementação do ensino à distância (antigo sonho de entidades patronais e grandes conglomerados privados de educação) oficializaram e ampliaram a superexploração do trabalho virtual que, em parte, já se desenhava, sem deixar de lado nenhuma das antigas exigências. Professores e professoras não pararam de trabalhar um instante sequer durante a pandemia, adaptando-se heroicamente às novas necessidades e garantindo, ainda que não sem dificuldades, um mínimo de atendimento às comunidades que tinham acesso, mas ainda assim diversos abusos foram cometidos: suspensão de contratos e salários, demissões em massa no fim do ano, assédio moral e outros absurdos mais coroaram aquele que, sob estímulo do governo federal, deve ter sido o ano de maior desrespeito ao magistério em toda a nossa História.

 

Lamentavelmente 2021 começa também de forma desagradável, com os mencionados ataques que foram cuspidos de forma vil e abjeta sobre nós, educadores e educadoras friburguenses. Curioso ver que tais ofensivas normalmente vem acompanhados de uma aparente preocupação pedagógica/educacional, ainda que por parte de figuras que nunca pisaram numa escola pública, não conhecem nem de longe a realidade das inúmeras escolas particulares do município e fazem questão de NÃO OUVIR OU DIALOGAR com representantes da Educação, resultando assim em análises egoístas, parciais e limitadas, que desconsideram o quadro geral da saúde e da educação pública enquanto organizam seus festins automotivos em favor da desigualdade. Onde estavam esses preocupados militantes da boa educação quando foram cortados os investimentos públicos dessa pasta (e da saúde, dentre outros) para os próximos 20 anos? Onde estavam quando foi aprovada a reforma do ensino médio e a nova BNCC? Onde estavam nos diversos movimentos, inclusive municipais, que exigiam cumprimento de leis já sacramentadas, como a do piso nacional para apoio e magistério e do 1/3 de planejamento? Será que ao menos conhecessem essas lutas? Ou não as consideram importantes? Por que não organizar uma carreata em favor da vacina? Por que não exigir melhorias estruturais para todas as redes? Por que não usar de sua condição normalmente privilegiada para jogar em favor do coletivo? Não havendo necessidade de responder tais perguntas, pois já sabemos as respostas, uma em especial não pode passar em branco: é mesmo razoável  atacar a dignidade de toda uma categoria para conseguir o que desejam?

 

SEPE e SINPRO, dada a tradição democrática de ambos, nunca se negaram ao diálogo público e, ao longo de toda a pandemia, frequentaram diversos espaços junto de diversas entidades e autoridades que, muitas vezes, defendiam posições contrárias às nossas, sem que nunca tenhamos sido desrespeitados. Mas, infelizmente, nos últimos dias desenhou-se um cerco preocupante, em que se tenta colocar os representantes da educação de lado em favor da opinião de alguns poucos patrões e agentes privados  que, de forma antiética e leviana, arrogaram-se o direito de bater o martelo que não têm para legislar sobre um espaço que, se um dia conheceram, certamente não compreenderam.

 

Escola não é depósito de crianças/adolescentes! E atacar os profissionais de educação é, no mínimo, uma boçalidade tão injusta quanto as CARREATAS DA MORTE que ocorreram ano passado, defendendo flexibilizar medidas de cuidado sanitário em meio à crescente exponencial da pandemia. Não podemos deixar de lamentar, inclusive, que esse expediente continue em moda, exigindo que a Educação seja considerada uma atividade econômica essencial e portanto funcione em condições de normalidade. A estes, lembramos que a Educação é sim, de fato, uma atividade ESSENCIAL ao ser humano, mas para que tenha condições de se realizar, por óbvio, demanda que tais criaturas humanas estejam VIVAS junto de seus familiares e de sua comunidade. Em tempos de pandemia, “ESSENCIAL” É A VIDA, cabendo aos cidadãos exigir que o poder público a garanta em plenas condições, pois atacar trabalhadores e trabalhadoras além de pusilânime e grotesco é também ineficiente.

 

Assim sendo, embasados em posicionamento técnico e, principalmente, conhecendo amplamente a causa sobre a qual opinamos, reafirmamos nossa posição em defesa do retorno seguro mediante vacinação ampla, geral e gratuita, de forma que NENHUMA vida seja afetada direta ou indiretamente pela pandemia e seus aliados, bem como repudiamos toda e qualquer postura antidemocrática e unilateral que ande em consonância com medidas irresponsáveis e com apoio até mesmo dos movimentos antivacina, em meio a outros terraplanistas da saúde pública. Respeitamos as posições divergentes que se baseiam na boa fé e no respeito, compreendendo que as diferenças podem ser produtivas, desde que se orientem por um mínimo de civilidade.

 

Seguiremos abertos ao diálogo e observando as movimentações que nos digam respeito, de forma a tomar medidas cabíveis sempre que necessário.

 

Sem mais para o momento,

 

SEPE e SINPRO DE NOVA FRIBURGO.

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